terça-feira, 14 de outubro de 2008

Flores Brancas

Se há um dramaturgo brasileiro capaz de expressar a diversidade sexual em meio ao caos urbano, este é João Fábio Cabral. Autor de peças que retratam São Paulo e seus moradores perdidos em um tempo de dúvidas amorosas e sexuais, ele surpreende ao abordar o universo lésbico em Flores Brancas, dirigido por Fabiana Carlucci e Rogério Harmitt. A peça tem agradados às mulheres que gostam de mulher – e que não deixam de perguntar: como um homem conseguiu perceber tantas sutilezas?

A trama é leve, com cenas engraçadas sem ser exatamente uma comédia. Na verdade, é um exercício da arte de contar histórias, no caso, a de Vitória (Luciana Caruso) e Luisa (Zeza Mota). As duas se conhecem na estréia de uma peça, em um encontro inesperado. Uma esbarra e derruba o celular da outra. A ironia do destino é que Luisa é uma cineasta famosa e Vitória, estudante de cinema (mas ela só descobre a fama da amada depois de já estar apaixonada).

A partir de então, começam as aflições típicas do que Roland Barthes chamou de "fragmentos do discurso amoroso": a longa espera por um telefonema, a dor que não passa até a amada estar presente, a insegurança que assola quem só quer agradar.

Demasiadamente humanas, Vitória e Luisa são duas mulheres que amam intensamente. Quando Vitória vai para a escola, Luisa dá dinheiro para ela voltar de táxi, para não demorar. Não quer ficar longe da namorada por muito tempo. O público ri das tiradas engraçadas e se vê espelhado na expectativa e na ansiedade das duas. Situações assim, simples, mas que todos já viveram, formam o tempero de Flores Brancas. Por isso, é uma peça não só de mulheres para mulheres, mas sim para todos os que já viveram e querem continuar vivendo o ridículo do amor.

Espaço dos Parlapatões

Praça Roosevelt, 158 - Centro
Horários: Terças-feiras, às 21h
Informações pelo tel.: (11) 3258-4449
Em cartaz até 28 de outubro

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