terça-feira, 30 de junho de 2009

O Armário – Vida e Pensando do Desejo Proibido

Com a sua primeira edição lançada em 2006 e atualmente na segunda edição, o livro “O Armário – Vida e Pensando do Desejo Proibido” é o que os adolescentes têm de melhor para se apoiarem e assumirem a homossexualidade para familiares, amigos e sociedade.

Na primeira parte do livro - em tom confessional – Fabrício Viana conta suas experiências pessoais, divide suas dúvidas, medos e anseios com o leitor. A vida de Fabrício não é diferente da vida dos demais gays. Assim como todos que tomaram a decisão de sairem do armário e viverem uma vida mais leve, Fabrício também sofreu represálias da família e amigos, porém ressalta que os amigos que ficaram ao seu lado, eram amigos de verdade.

O livro também tem um importante conteúdo histórico, relatando os primórdios da sociedade, e como a homossexualidade era vista em diversos momentos da humanidade. Ressalta momentos históricos, como a inclusão do “homossexualismo” na Classificação Internacional de Doenças, dando total liberdade para as camadas conservadores da sociedade classificarem o gay como pervertido sexual, com respaldo cientifico. A reparação do erro científico veio depois de 116 anos de condenação à homossexualidade.

O autor também aborda as dificuldades de sair do armário numa sociedade machista e que cobra cada vez mais de seus filhos os posicionamentos sexuais de uma sociedade heteronormativa. Sabemos que a raiz da homofobia vem do machismo, no livro, o autor relata como formam se o machismo e a homofobia na sociedade, tendo como base a psicologia.

O Armário é um excelente livro para todos aqueles que com pouca ou nenhuma informação está descobrindo-se homossexual. Não é apenas uma obra de relata as dificuldades de ser gay num país com tantas raízes de preconceitos, é um livro que mostra o exemplo de vida e pensamento do desejo proibido do próprio autor.

Dados Técnicos:


Nome do Livro: O Armário – Vida e Pensamento do Desejo Proibido
Autor: Fabrício Viana
Número de páginas: 144
Formato: 14 x 21 cm
ISBN: 9788590758709
Preço: R$ 30,00
Editora: Independente

domingo, 28 de junho de 2009

Do Começo ao Fim

Do mesmo diretor de "Um Copo de Cólera" e "As Três Marias", o filme “Do Começo ao Fim” promete gerar muita polemica nas salas dos cinemas. O filme conta a história dos meios irmãos Francisco e Thomás e de sua família: Julieta, Alexandre e Pedro. Com uma narrativa particular o filme conta a história de um amor incondicional como uma possibilidade, como um contraponto para um mundo cheio de violência, medo e intolerância. Thomás, filho de Julieta e Alexandre, nasce com os olhos fechados e assim permace durante várias semanas. Julieta não se preocupa e diz que quando o filho estiver pronto, que quando ele quiser, ele abrirá os olhos. Foi assim, nos primeiros dias de vida que Thomás aprendeu o que era livre arbítrio. Um dia, sem mais nem menos, Thomás abre os olhos e olha direto para Francisco, seu irmão de 6 anos.

Julieta é uma linda mulher e uma mãe amorosa. É médica de um hospital e trabalha no setor de emergência. É casada pela segunda vez com Alexandre, pai de Thomás. Pedro, seu primeiro marido e pai de Francisco mora na Argentina. Durante a infância, os irmãos são muito próximos, talvez próximos demais, segundo Pedro, que passa uma temporada com eles em Buenos Aires. Na fase adulta, Francisco e Thomas se tornam amantes e vivem uma extraordinária história de amor.

Apesar das cenas dos irmãos trocando carinhos no banho e na cama, Abranches, diretor do filme, faz questão dizer que não fez um "filme gay", e nem saberia dizer se os personagens que criou são necessariamente homossexuais. "Pode ser uma relação que acontece só entre os dois", desconversa. "Quis apenas tratar de dois assuntos que me interessam bastante, que são as relações amorosas e a família".

O fato de Francisco e Thomás serem meio-irmãos não foi uma forma de aliviar a história. "Não tinha nem o que aliviar ali", diz o diretor, que também assina o roteiro. "Quando jovem fui um ávido leitor de Eça de Queiroz e reli 'Os Maias' várias vezes, talvez na esperança de que alguma vez os protagonistas fossem ter um final feliz", diz. "No meu filme, queria uma história de amor entre irmãos que não tivesse que acabar em sangue, como sempre acontece", diz Abranches, que não vê problemas numa relação como a retratada no filme: "estou esperando alguém me dizer por que não poderia acontecer".

Uma das características do filme que mais deve causar desconforto, segundo o diretor, é o fato de a relação de Francisco e Thomás ser tratada como algo perfeitamente normal. "Quero poder levantar uma discussão sobre esses dois tabus, mas sem focar neles; em nenhum momento no filme isso [a viabilidade do romance] é posto em discussão". Ele também acredita que a relação incestuosa retratada não é mais polêmica do que o fato de serem dois homens. "Já li comentários indignados por causa do incesto, mas tenho certeza de que o que incomoda mais é a relação entre dois rapazes. A homossexualidade é mais tabu que o incesto entre irmãos", acredita o diretor.

"Do Começo ao Fim" está em fase de finalização e deve ficar pronto em três meses, e ainda não tem data de estreia definida. Com cenas rodadas no Rio de Janeiro e em Buenos Aires, o orçamento deve chegar a R$ 2 milhões, valor considerado baixo por Abranches. Se o tema polêmico do filme pode ter compremetido a captação de recursos, a distribuição está garantida, conta o diretor. E depois das primeiras discussões e debates, as expectativas são otimistas.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

O Tigre Branco

Romance de estréia de “Aravinda Adiga”, um indiano que antes da sua obra de estréia não era conhecido no mercado editorial e de forma brilhante conseguiu cravar o seu nome entre os maiores romancistas da atualidade. "O Tigre Branco" conquistou o prêmio “Man Booker Prize 2008”, um dos mais prestigiados prêmios literários do mercado e antes mesmo da entrega do premio, a obra já era considerada como um dos melhores romances do ano.

Numa narração divertida e irônica, Balram Halwai ou o “Tigre Branco”, narra uma longa carta ao primeiro-ministro da China que anunciou uma viagem a Índia para descobrir o segredo do sucesso dos empresários daquele país. Halwai conta uma índia que o mundo desconhece: a índia da escuridão que está afundada na desigualdade social promovidas pelos governos corruptos, pela grande concentração de renda e acerbada sonegação de impostos. Uma índia tão pura quanto o Rio Ganges.

Na sociedade indiana, a ascensão social é algo desconhecido. Um indivíduo que nasce numa casta, tende a morrer nessa casta. Halwai é da casta dos doceiros, porém seu pai era condutor de riquixá (meio de transporte de tração humana em que uma pessoa puxa uma carroça de duas rodas onde se acomodam uma ou duas pessoas). O seu avô era um halwai de verdade, um fabricante de doces, mas um membro de uma casta superior deve tê-lo roubado com a ajuda da policia, o que alterou o destino de Balram, que na ambição de mudar de vida, passou a nutrir o sonho de ser motorista.

A maior critica do livro não é destinada a pobreza do povo indiano, mas sim a aceitação da condição imutável da vida. Balram define os indianos da escuridão como “meio cru”, indivíduos que por nunca terem terminado os seus estudos, mantém um entendimento parcial das coisas e se submetem presos na sociedade como aves em “gaiola de galos” que aceitam o seu confinamento de forma pacifica, gerando apenas um conflito interno, e esse é gerado para conseguir um maior espaço na gaiola, mas nunca para se libertarem dela.
“Na minha boca, a pasta tinha endurecido, formando uma espécie de espuma leitosa, e estava começando a escorrer pelos cantos. Cuspi tudo.

Escovar. Escovar. Cuspir.

Escovar. Escovar. Cuspir.

Por que será que meu pai nunca me disse para não coçar o saco? Por que será que meu pai nunca me ensinou a escovar os dentes com aquela espuma leitosa? Por que será que ele me criou para viver feito um bicho? Por que será que todos os pobres vivem desse jeito, na sujeira e na feiúra?

Escovar. Escovar. Cuspir.

Escovar. Escovar. Cuspir.

Se, pelo menos, os homens pudessem cuspir assim o seu passado, com essa facilidade...”
A obra não relata a Índia mágica como é vendida em novelas globais e folders de agencias de viagens, nela encontraremos duas índias, a da iluminação e a da escuridão. O povo da escuridão são educados para se manterem na miséria. O sistema social dividido em castas impossibilita o sonho empreendedor de ousar uma vida mais digna. Nenhuma nação tem a alternativa de o cuspir o seu passado, mas quando esse povo se mantém “satisfeitos” em suas “gaiolas de galos”, a história social fica comprometida, pois, a vida de um povo é contada pelos conflitos de classes e essa história é contada pelos dominantes e não pelos dominados.

Dados Técnicos:

Nome do Livro: O Tigre Branco
Autor: Aravind Adiga
Número de páginas: 256
Formato: 15,5 x 23 cm
ISBN: 9788520920855
Editora: Nova Fronteira
Preço: R$ 34,90

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Single Ladies na Esplanada dos Ministérios

O que o DEM tá querendo? As “bi” do Brasil inteiro estão surtando com os preparativos para as comemorações dos 50 anos de Brasília. Os preparativos estão sendo negociado pelo vice-governador, Paulo Octávio (DEM). Creio que a festa servirá como uma retratação ao episódio ocorrido em São Paulo, quando a então candidata Marta Suplicy (PT) e ex-política, pois foi provado que a ex-prefeita não ganha para mais nada, insinuou a possível, e porque não dizer provável, homossexualidade do prefeito e então candidato do DEM, Gilberto Kassab.

Ao se defender, o prefeito conseguiu se complicar ainda mais diante da Comunidade Gay, dizendo que a então candidata do PT feriu a sua honra. Não sei se as “bi” se esqueceram disso, eu me lembro perfeitamente, creio que a maioria se esqueceu, pois, a ex-prefeita, ex-candidata, ex-política, e porque também não dizer ex-Marta Suplicy, ex-sexóloga e ex-apresentadora de TV, foi convidada para sentar-se numa das mesas de discussões que ocorrera na Semana do Orgulho Gay de São Paulo. Memória curta para um movimento que diz ter uma luta histórica, enfim, sendo retratação ou não, tenho certeza que se a Beyoncé for à grande estrela das comemorações de Brasília 50 anos, a Esplanada dos Ministérios sediará uma Parada Gay fora de época, o que eu acho tudo de bom.

O que me deixou entristecido e esse o grande motivo do surto das “bi”, é o fato da diva do R&B ser uma segunda opção. Segunda opção vice-governador? A Beyoncé deveria sim ser a primeira opção, e porque não a única? Será que teremos que fazer um Flash Mob (aglomerações instantâneas de pessoas em um local público, para realizar determinada ação inusitada, previamente combinada) em Brasília, com milhares e milhares de gays dançando “I’m a Single Ladies” para mostrarmos que Beyoncé é uma escolha assertiva? Espero que não, pois eu não sei dançar, mas o Douglas sabe.

A primeira opção para atração principal da festa é a banda Irlandesa U2 (diga-se U Dois, pois temos que valorizar a nossa língua), mas tudo indica que os irlandeses ficaram de fora e a festa ficará sob o comando da segunda opção. Especula-se que a texana levará um cachê de aproximadamente três milhões de dólares e que o ex-beatle Paul McCartney também pode entrar na programação. Não sei o que vocês estarão fazendo no dia 21 de abril, mas se realmente a Beyoncé vier ao Brasil, eu estarei em Brasília.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Homofobia do Estado

Pelo terceiro ano consecutivo, a Ilga (Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexos) disponibiliza um relatório que traça o mapa da homofobia no Mundo. A Homofobia é o medo, aversão e/ou a discriminação à homossexualidade ou aos homossexuais. O documento é uma pesquisa mundial sobre legislações que proíbem relações sexuais consensuais entre adultos do mesmo sexo. São casos medonhos. Ao analisarmos o relatório, damos graças a Deus por estarmos no Brasil, apesar de por aqui o cidadão gay não ter o mínimo de respeito e atenção do poder público, mas o cidadão homossexual não é punido pela força da lei.

O documento aponta que 80 países ao redor do mundo consideram a homossexualidade ilegal e que em cinco deles – Iran, Mauritânia, Arábia Saudita, Sudão e Iêmen – e em algumas partes da Nigéria e da Somália, atos considerados homossexuais são punidos com a morte. Embora muitos dos países mencionados no relatório não apliquem sistematicamente as suas leis homofóbicas, a sua simples existência reforça a cultura de que uma parcela significativa dos cidadãos tem de se esconder do restante por causa do medo.

Tivemos alguns avanços e retrocessos que apontam no relatório da Ilga: Em Barein, a prática da “sodomia” passou a ser permitida a partir dos 21 anos; já em Burundi as relações homossexuais passaram a ser criminalizadas; na Costa Rica, a clausula do código penal que criminaliza a pratica da “sodomia escandalosa” foi extinta; em Guine-Bissau, o código penal foi revogado e, com ele, a proibição da prática da “sodomia”; no Nepal, a lei anti-sodomia foi revogada pela Suprema Corte em 21 de dezembro de 2007; em Nive e Tokelau, estados associados à Nova Zelândia, uma emenda descriminalizou a pratica da “sodomia” e no Panamá, a pratica da “sodomia” também foi descriminalizada.

Uma importante novidade do relatório deste ano é a declaração das Nações Unidas em favor dos direitos LGBTI. Esta declaração foi apresentada na Assembléia Geral das Nações Unidas em 18 de dezembro de 2008, e conta e conta com o apoio de 66 países de todos os continentes. Entre outras afirmações, o documento reafirma que o princípio da não-discriminação é válido para todos as pessoas, independente de orientação sexual ou identidade de gênero, condena as violações dos direitos humanos dos LGBT e conclama todos os estados-membros a descriminalizarem as relações consensuais entre adultos do mesmo sexo.

Os Estados que consideram a homossexualidade masculina e feminina como crime são: Afeganistão, Angola, Antígua e Barbuda, Arábia Saudita, Argélia, Barbados, Belize, Botsuana, Burundi, Butão, Camarões, Catar, Comores, Dominica, Emirados Árabes Unidos, Eritréia, Etiópia, Guiné, Iêmen, Irã, Líbano, Libéria, Líbia, Maldivas, Marrocos, Mauritânia, Moçambique, Omã, Paquistão, Santa Lúcia, São Tomé e Príncipe, São Vicente e Granadinas, Senegal, Síria, Ilhas Salomão, Somália, Sudão, Togo, Trinidad e Tobago e Tunísia.

Os Estados que consideram a homossexualidade masculina como crime são: Bangladesh, Brunei, República Turca do Chipre do Norte (somente a Turquia reconhece a sua soberania), Cingapura, Ilhas Cook, Gâmbia, Gana, Gaza (Palestina), Grenada, Guiana, Índia, Jamaica, Quiribáti, Kuwait, Lesoto, Malásia, Malauí, Maurício, Miamar/Burma, Namíbia, Nauru, Nigéria, Palau, Papua Nova Guiné, Quênia, Samoa Ocidental, São Cristóvão e Névis, Serra Leoa, Seicheles, Sri Lanka, Suazilândia, Tanzânia, Tonga, Turcomenistão, Tuvalu, Uganda, Uzbequistão, Zâmbia e Zimbábue

No Egito, a homossexualidade masculina e feminina tem sido reprimida, porém, a legislação do país aborda sobre questões de combate, incentivo e encorajamento a prostituição, as autoridades daquele país estão se respaldando nesses critérios para colocarem gays na cadeia. Na Indonésia, não existe legislação que proíbe as praticas homossexuais, porém, o parlamento nacional concedeu à província de Aceh o direito de adotar as lei da Sharia islâmica. Estas leis são aplicadas apenas para mulçumanos. No Iraque, após a invasão americana, o código penal de 1969 foi restaurado, entretanto, vários relatórios mostram que “auto-proclamados” juízes da Sharia sentenciam pessoas à morte por cometerem atos homossexuais, e que milícias freqüentemente seqüestram, ameaçam e matam os LGBTs.

O estado de Samoa, onde a homossexualidade masculina é condenada por força da lei, era conhecido como um “paraíso sexual” por conta da libertinagem sexual vivida pelos adolescentes. A sexualidade dos adolescentes de Samoa foi objeto de estudo da Antropóloga Margareth Mead, que esteve no Brasil em 1977 para participar do “IV Fórum Pan-americano para os Estudos da Adolescência”. Ela observou que os adolescentes samoanos tinham uma passagem da infância para a adolescência de forma suave e ão estava marcada pelas angústias emocionais ou psicológicas, e a ansiedade e confusão observadas nos Estados Unidos, seu país de origem. Essa transição pacifica da adolescência para a juventude se dava pela liberdade que os jovens tinham de desfrutarem o sexo ocasional com qualquer outro jovem da tribo, muitos jovens postergavam o casamento para continuarem aproveitando as “delicias” do sexo sem compromisso.

Os anos se passaram e os Presbiterianos chegaram a Samoa. Eles construíram duas escolas na comunidade onde a Margareth Mead fez o seu trabalho de campo, uma para meninos e outra para meninas. A igreja condenou com veemência a liberdade sexual vivida em Samoa e as praticas homossexuais começaram a ficar visíveis. Hoje, os adolescentes de Samoa são como todos os demais espalhados pelo Mundo e vivem suas crises de identidade e conflitos, a descoberta sexual que era feita de forma livre, passou a ser regida sob os dogmas da igreja. O trabalho de Mead não contemplou a homossexualidade, logo, não sabemos se existiam limites para esse liberdade sexual, porém, hoje sabemos que em Samoa a homossexualidade é combatida pela força da lei. Ao ler o relatório, fiquei entristecido em ver um Estado que antes tratava a sexualidade humana de forma tão natural, entre os cruéis que criminalizam a homossexualidade.

sábado, 20 de junho de 2009

Por um Mundo Eclético

Como forma de marcar o mês em que se comemora a Semana do Orgulho de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), a organização não-governamental CASARÃO BRASIL apresenta a exposição “Por um Mundo Eclético”, do artista plástico LEO BRIZOLA, em sua primeira grande mostra em São Paulo.

Artista com 30 anos de carreira e exposições individuais realizadas em importantes instituições como o MAM do Rio de Janeiro e a Grande Galeria do Palácio das Artes em Belo Horizonte, sua arte já ganhou o mundo, tendo sido exibida em Nova York em 2007. Para essa mostra, o artista apresenta pinturas e bordados em dimensões que variam de 20 x 30 cm a 3 x 4 metros de largura. Também será apresentado um vídeo especial criado em parceria com o músico Aum Soham.

A criação do autor pode ser vista não só na pluralidade de temas envolvendo o comportamento humano, que inclui a sexualidade e a ética, mas também na multiplicidade de formatos, suportes e propostas. Sobre sua obra, o artista revela suas influências. Embora o tema da sexualidade não seja o principal no trabalho de Brizola, o assunto acaba sendo abordado em sua arte de várias maneiras. Uma das telas desta exposição, chamada Ganimedes, onde é ilustrada a lenda grega do filho de Europa, uma princesa fenícia que é raptada por um touro e levada até Creta. O touro é um Deus disfarçado com o qual Europa teve vários filhos, dentre eles, o Rei Minos, que é considerado, historicamente, o primeiro personagem bissexual da mitologia grega.

Quinta-feira, dia 11/06, haverá um coquetel de abertura ao evento com a presença do Príncipe Indiano Manvendra Singh Gohil, que desembarca no Brasil a convite do empresário e apresentador Douglas Drumond, presidente do CASARÃO BRASIL. Manvendra pertence a uma das famílias mais nobres e mais antigas do Estado de Gurajat no nordeste da Índia, e que ficou conhecido internacionalmente por declarar publicamente sua homossexualidade contrariando todos os costumes, tradições e leis de seu país.

Serviço:

Exposição “Por um Mundo Eclético”, do artista plástico Leo Brizola
Realização: Casarão Brasil
Abertura para convidados: 11 de junho às 19:00 h
Visitação pública: de 12 de junho a 31 de julho, de segunda a sexta das 11h às 17h
Local: Rua Frei Caneca, 1.057 - Consolação
Entrada franca

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Príncipe Indiano na Parada Gay de São Paulo

A chegada do príncipe ao Brasil não trouxe alvoroço a comunidade gay, talvez seja por falta de divulgação, ou pelo não reconhecimento dos gays brasileiros diante de suas conquistas. Sabemos que a sociedade indiana é altamente homofobica, e como apontou o relatório do Mapa da Homofobia desenvolvido pela Ilga Internacional e que naquele país, a homossexualidade é reprimida pela força da lei, conforme o Código Penal Indiano de 1860 que diz: “Todo indivíduo que voluntariamente tiver relação sexual tida como contra a ordem natural da natureza, com homem, mulher ou animal, será punido 1* [prisão perpétua], ou por prisão de ambas descrições por um período de no máximo dez (10) anos, e ficará também sujeito a pagamento de multa.” Diferente do Brasil, na Índia, o ato de penetração anal já caracteriza ato sexual. Assumir-se gay num país onde a homossexualidade é tão estigmatizada, é um ato de muita coragem.

Manvendra vive num palácio vitoriano cor de rosa em Rajpipla, distrito de Gujarat, um dos mais prósperos estados da Índia. Ele brinca dizendo que seus antepassados adivinharam que teriam um descendente gay e por isso construíram o palácio cor de rosa. A dinastia Gohil, na qual o príncipe pertence, tem aproximadamente 600 anos, o último rei reconhecido foi o seu bisavô e em 1968, com o estabelecimento da Republica, teve seu titulo de nobreza invalidado, restando para sua família, um papel meramente protocolar.

Em relação à família, os tratamentos são todos formais. Ele se dirige a seus pais como “Sua Alteza” e seus pais os tratam como “Príncipe”. Quando ele precisa conversar com o seu pai, primeiro ele tem que conversar com um dos seus assessores e marcar uma audiência. Devido esse distanciamento familiar o anúncio de sua homossexualidade não foi um grande desgosto. Seu pai retirou o seu titulo de príncipe herdeiro e o deserdou e a sua mãe publicou um anuncio em jornais ameaçando processar quem dissesse que o príncipe gay era seu filho. A deserção foi pressionada por outros membros da família, mas posteriormente foi considerada ilegal pelo Supremo Tribunal da Índia.

A descoberta de sua homossexualidade não foi fácil e se confunde de as histórias de gays do Mundo inteiro. Ele tinha 13 anos quando percebeu que não sentia atração por garotas. Sua avó escolheu um rapaz de 12 anos (adorei a avó dele) para tomar conta dele, já que ele não poderia misturar-se com os “plebeus” e os aposentos do palácio eram separados entre feminino e masculino e foi através do contato com esse menino que ele descobriu-se gay. Foi o seu primeiro amor.

Assim como em muitos casos, o príncipe imaginou que o casamento mudaria a sua orientação sexual. Imaginava que era uma fase. Varias princesas foram-lhe apresentadas, mas o que ele queria, era um príncipe, ou até mesmo um sapo, mas nada de princesas. Ele acabou casando-se em 1991 com a princesa Chandrika Kumari. Ele tinha 25 anos e ela 22, era uma relação de carinho, de irmãos, o ato sexual não chegou a ser consumado. Foram 15 meses de relacionamento fracassado. Sua ex-esposa imaginava que ele tinha outra mulher, depois percebeu que ele não tinha ninguém. Em 1992 o casamento foi anulado, pois foi provado que ela continuava virgem e que ele não era impotente. Ao sair do palácio, sua ex-mulher pediu para que ele não fizesse nenhuma outra mulher infeliz, foi então que ele resolveu não se casar novamente.

Por volta de 2000, começou a circular uma publicação editorial chamada Bombay Dost (Amigo de Bombaim) voltada para o público gay. Sua tiragem era limitada e o príncipe comprava e lia as escondidas. Ele começou a se corresponder com outros leitores através de codinomes e um dia telefonou para um dos seus correspondentes, foi assim que ele conheceu o Ashok Row Kavi, o diretor de Bombay Dost, e o primeiro ativista gay da Índia. Foi Ashok que retirou o sentimento de culpa e o peso na consciência que havia no príncipe, foi através dessa amizade que ele percebeu que ser gay é normal. Ainda no ano de 2000, o príncipe e mais 60 militantes gays, e na presença de representantes do governo, fundaram a Lakshya Trust, a primeira organização de prevenção contra o HIV/sida voltada para a comunidade gay de Bombaim. Depois da África do Sul, a Índia é o país que tem o maior numero de infectados pelo vírus HIV. O príncipe doa 65% dos seus rendimentos à instituição e seu próximo projeto é abrir um hospício voltado para doentes terminais.

Em 2006, quatro anos depois de ter sido hospitalizado por conta de um colapso nervoso, pois sua mãe insistia que ele se casasse novamente para “se curar” do mal que o assolava, uma jornalista o convidou para uma entrevista para abordar sua militância na instituição Lakshya Trust e nessa entrevista ele assumiu sua homossexualidade. O impacto na índia foi terrível, todos os noticiários só falavam da sexualidade do príncipe e os habitantes de Rajpipla queimaram suas fotos e efígies em praça pública. Em 2007, ele foi ao show da Oprah Winfrey, foi como uma revolução na mentalidade do povo indiano, as reações homofobicas diminuíram, pois muitos desconheciam sua militância e o seu trabalho sensibilizou a comunidade. Em 2008, ele conheceu Michael Lower de 35 anos num bar. Ele levou o rapaz para sua família conhecer sob as miras das câmeras de um programa da BBC, seu pai o aceitou, mas o relacionamento não foi adiante, pois o príncipe achou que havia uma grande diferença social entre os dois. Seu ex-namorado era um empregado de uma banca de jornal e ele um príncipe, membro da família real, ambos continua amigos. Manvendra vê grandes dificuldades em encontrar um relacionamento, pois muitos se aproximam dele interessados em seu dinheiro. Recentemente ele declarou que enquanto a Índia não descriminalizar a homossexualidade, ele não se relacionará com ninguém de seu país.

terça-feira, 16 de junho de 2009

De repente, Califórnia

Primeiro filme lançado no Brasil com o selo “Filmes do Mix”, "De repente, Califórnia" (Shelter, 2007), trata de um fato delicado a muitos homossexuais ao redor do mundo: a descoberta da sexualidade num meio tão pouco tolerante à diversidade.

O filme retrata a história de Zach (Trevor Wright), jovem cujo sonho é se tornar um artista plástico e conseguir estudar na principal escola de artes da Califórnia. Enquanto isso, ele pega altas ondas para fugir da tensão que enfrenta junto à família e a namorada.

Sua vida passa a ter certo brilho quando surge Shaun (Brad Rowe), escritor bem sucedido que está em crise de criatividade e resolve voltar à cidade natal para passar um tempo e superar o trauma do fim de um relacionamento com outro homem. O moço é irmão do melhor amigo de Zach, que foi embora para cursar a universidade. Em uma tarde os moços se encontram, relembram dos tempos de adolescência e resolvem pegar ondas juntos para matar a saudade.

Logo os dois começam a trocar confidências de suas vidas. Nesse ponto o roteiro do filme acerta em cheio ao mostrar uma faceta nefasta da homofobia. Um grupo de amigos retratado no longa aparenta ser composto de jovens modernos, de bem com a vida. O bairro inteiro sabe da homossexualidade de Shaun e, quando Zach passa a andar cotidianamente com ele, a fofoca entra em cena da maneira como nós conhecemos: mesquinha e mascarada.

De cara ele ignora os comentários por se considerar resolvido sexualmente. Mas, em uma noite, na casa de Shaun, após várias cervejas, os meninos trocam beijos e entregam-se completamente a paixão. Ao acordar, ele sente repulsa e some. Mas aquele sentimento passa a perturbá-lo. Zach entende o que está sentindo, corre para casa do rapaz e eles acabam se entendendo.

Tudo se complica a partir daí. A irmã de Zach, Jeanne (Tina Holme) começa a pressioná-lo a se assumir, dizendo que não quer o seu filho Cody (Jackson Wurth), que tem o tio como referência masculina e paterna, perto de homossexuais. Nesse clima ele fica imerso numa confusão sobre o seu desejo e sufocado por um meio que não aceita a homossexualidade e, se aceita, o faz de forma debochada. O desenrolar é surpreendente.

O longa, que tem direção e roteiro de Jonah Markowitz, traça de forma muito delicada a questão do amor gay surgido no meio hétero e tem a proeza de nos fazer pensar: quantos de nós já não sentimos algo parecido por um amigo? E quantos meninos e meninas não encaram essa situação e na maioria das vezes se afastam de seu grupo para não ter que dar explicações? Talvez, a homofobia social e cordial seja a mais perversa, pois ela não mostra a cara e ataca de forma rasteira, pelas costas.

Fora o roteiro bem produzido e de fácil assimilação, vale destacar a fotografia impecável de "De repente, Califórnia". Aliás, outro lado positivo é a estética do filme: sem a pretensão de ser "cult" ou "under", ela é linear e nem por isso comum. A trilha sonora também é empolgante e chega a nos emocionar em várias cenas. Para quem estiver por São Paulo em virtude das comemorações da Parada Gay, vale a pena passar no Unibanco Arteplex e aprovetar para conhecer o Shopping mais gay de São Paulo.

Serviço:

Unibanco Arteplex - Shopping Frei Caneca
Rua Frei Caneca, 569, 3º piso - Cerqueira César
Horários: 14h, 16h, 19h10 e 21h20
No dia 19/06, o filme estreiará no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. Nas salas do Unibanco Artiplex.