sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Cadillac Records

No novo filme Cadillac Records, que conta a história da Chess Records, selo de blues pioneiro de Chicago, Beyoncé Knowles faz uma entrada memorável.

No papel na cantora Etta James, Knowles é apresentada ao co-fundador do selo Leonard Chess (Adrien Brody) em um quarto de hotel, onde ela se esparrama na cama e diz rispidamente, "não fique olhando para mim como se eu não estivesse usando calcinhas." Então, ela xinga tudo e todos à sua volta antes de se esconder no banheiro, onde solta a voz que resultou na longa carreira de sucessos do R&B clássico de James.

É impressionante ver Knowles - uma das poucas estrelas do pop que ainda mantém a imagem íntegra de boa menina - andando com um ar convencido e falando palavrões em sua atuação. Mas sua mãe, Tina, que veta todos os roteiros enviados à filha, recomendou o filme, observando que a sofrida e emocionalmente abalada James poderia ser o papel de sua vida.

Em entrevista realizada no andar superior de um hotel no Lower East Side em Manhattan, Knowles disse que ao ler o roteiro: "falei, 'tenho que fazer esse filme,' mas fiquei apavorada. Será que eu estava mesmo preparada?".

Até então, o papel mais significativo de Knowles havia sido em Dreamgirls de 2006, pelo qual a cantora recebeu uma indicação ao Globo de Ouro. Mesmo assim, seu estudo da vida de James e seu trabalho no filme não apenas resultaram um uma nova variação dramática, como também alteraram a orientação de seu novo álbum, I Am... Sasha Fierce, que será lançado na terça-feira pela Music World/Columbia Records.

Certamente não havia garantias de que uma mulher que apareceu na capa da Sports Illustrated, no exemplar de trajes de banho, poderia ter uma atuação convincente como a heroína viciada, filha de uma prostituta, cujo som poderoso comunicou uma vida de sofrimentos e luta em músicas como At Last e Tell Mama, incorporando a atitude do blues em uma ampla gama de gêneros pop.

"Fiquei surpresa por Beyoncé ter deixado o glamour de lado com tanta facilidade e disposição, abraçando a feiúra do vício," disse Darnell Martin, roteirista e diretora do filme, que será lançado no dia 5 de dezembro. Embora o papel tenha sido escrito já com Knowles em mente, Martin disse que se impressionou ao ver a intensidade com a qual Beyoncé penetrou física e emocionalmente nas partes mais sombrias da vida de James. "Ela estava ávida por chegar à sua essência," Martin disse. "Ela realmente queria escavar fundo e ser real."

O clímax de Cadillac Records - em que uma Etta James desgrenhada é salva de uma overdose por Leonard Chess em sua casa vazia e sombria - é um contraste impressionante da Beyoncé que, no início, adentra bruscamente a porta do quarto de hotel, falando rápido e sorrindo largamente.

Knowles assinou sua participação no filme Cadillac Records durante a gravação de seu CD duplo, intitulado I Am. Para pesquisar o vício de James, ela se encontrou com as pacientes da clínica de desintoxicação Phoenix House, no Brooklyn. Beyoncé tinha apenas seis dias em Nova Jersey para gravar as cenas, então começou a ensaiar com Brody antes das filmagens.

"Não esperava que ela ficasse tão emocionalmente ligada ao papel," Brody disse. "Ela estava muito focada. Acho que isso significava muito para ela."

Knowles disse que Martin e outros atores a deixaram segura o suficiente para mergulhar nos demônios de James, permitindo que ela elevasse seu trabalho além de suas próprias expectativas. "Pela primeira vez em um filme fui capaz de ter a mesma experiência fora do corpo que sinto nos palcos," ela disse. Ela engordou - quase 7 kg - para se adequar ao peso de James e adotou uma postura mais rude em seus movimentos; ela canta duas músicas relacionadas a James com confiança e autoridade.

Cadillac Records toma liberdade com a cronologia e detalhes da era Chess - essencialmente apagando Phil Chess, irmão e sócio de Leonard, do enredo - mas atuações sólidas (com o estóico Muddy Waters de Jeffrey Wright no centro) apreendem as inovações do selo e seu legado. Knowles disse que sentiu uma obrigação extra de se projetar como artista musical ao conhecer a história da Chess Records - que amplificou e acrescentou uma sofisticação urbana ao estilo Delta blues, com gravações de grandes nomes como Waters e Howlin' Wolf, e ajudou a proclamar a era do rock 'n' roll com artistas como Chuck Berry e Bo Diddley.

"Percebi como era uma história importante, especialmente para a minha geração," ela disse. "Não sabemos de onde o rock 'n' roll veio, não sabemos que os Beatles e os Rolling Stones se inspiraram em pessoas como Muddy Waters e Little Walter."

Knowles não chegou a falar com James - que, aos 70, ainda faz turnês - até a conclusão do filme. "Ela é a mesma, honesta e prática," Knowles disse. "E sei que em algumas entrevistas ela comentou, 'não sei se ela consegue me representar.' Mas quando a conheci, ela disse, 'você é uma menina má,' e sei que esse é um grande elogio vindo dela.

As coisas acontecem em um ritmo sempre acelerado para Knowles; horas após a entrevista, ela já estava em um avião rumo a Londres para o MTV Europe Music Awards. No ano que vem, com o término da campanha de promoção do álbum, ela sai em turnê com 110 shows planejados, incluindo uma semana em Las Vegas; lançará também uma versão em espanhol de seu novo disco e o filme Obsessed, em que pela primeira vez atua num papel não cantante. Ela também irá continuar trabalhando em sua marca de roupas, House of Dereon, e em campanhas de peso para empresas como L'Oreal e Pepsi.

2 comentários:

Serginho Tavares 6 de dezembro de 2008 às 16:47  

adoro ela e espero que esse filme faça muito sucesso. eu irei ver!

Alberto Pereira Jr. 25 de dezembro de 2008 às 23:17  

eu quero muito ver esse filme.. já tinha gostado dela em Dream Girls, embora o filme tenha sido roubado pela presença forte de Jennifer Hudson...