Príncipe Indiano na Parada Gay de São Paulo
A chegada do príncipe ao Brasil não trouxe alvoroço a comunidade gay, talvez seja por falta de divulgação, ou pelo não reconhecimento dos gays brasileiros diante de suas conquistas. Sabemos que a sociedade indiana é altamente homofobica, e como apontou o relatório do Mapa da Homofobia desenvolvido pela Ilga Internacional e que naquele país, a homossexualidade é reprimida pela força da lei, conforme o Código Penal Indiano de 1860 que diz: “Todo indivíduo que voluntariamente tiver relação sexual tida como contra a ordem natural da natureza, com homem, mulher ou animal, será punido 1* [prisão perpétua], ou por prisão de ambas descrições por um período de no máximo dez (10) anos, e ficará também sujeito a pagamento de multa.” Diferente do Brasil, na Índia, o ato de penetração anal já caracteriza ato sexual. Assumir-se gay num país onde a homossexualidade é tão estigmatizada, é um ato de muita coragem.
Manvendra vive num palácio vitoriano cor de rosa em Rajpipla, distrito de Gujarat, um dos mais prósperos estados da Índia. Ele brinca dizendo que seus antepassados adivinharam que teriam um descendente gay e por isso construíram o palácio cor de rosa. A dinastia Gohil, na qual o príncipe pertence, tem aproximadamente 600 anos, o último rei reconhecido foi o seu bisavô e em 1968, com o estabelecimento da Republica, teve seu titulo de nobreza invalidado, restando para sua família, um papel meramente protocolar.
Em relação à família, os tratamentos são todos formais. Ele se dirige a seus pais como “Sua Alteza” e seus pais os tratam como “Príncipe”. Quando ele precisa conversar com o seu pai, primeiro ele tem que conversar com um dos seus assessores e marcar uma audiência. Devido esse distanciamento familiar o anúncio de sua homossexualidade não foi um grande desgosto. Seu pai retirou o seu titulo de príncipe herdeiro e o deserdou e a sua mãe publicou um anuncio em jornais ameaçando processar quem dissesse que o príncipe gay era seu filho. A deserção foi pressionada por outros membros da família, mas posteriormente foi considerada ilegal pelo Supremo Tribunal da Índia.
A descoberta de sua homossexualidade não foi fácil e se confunde de as histórias de gays do Mundo inteiro. Ele tinha 13 anos quando percebeu que não sentia atração por garotas. Sua avó escolheu um rapaz de 12 anos (adorei a avó dele) para tomar conta dele, já que ele não poderia misturar-se com os “plebeus” e os aposentos do palácio eram separados entre feminino e masculino e foi através do contato com esse menino que ele descobriu-se gay. Foi o seu primeiro amor.
Assim como em muitos casos, o príncipe imaginou que o casamento mudaria a sua orientação sexual. Imaginava que era uma fase. Varias princesas foram-lhe apresentadas, mas o que ele queria, era um príncipe, ou até mesmo um sapo, mas nada de princesas. Ele acabou casando-se em 1991 com a princesa Chandrika Kumari. Ele tinha 25 anos e ela 22, era uma relação de carinho, de irmãos, o ato sexual não chegou a ser consumado. Foram 15 meses de relacionamento fracassado. Sua ex-esposa imaginava que ele tinha outra mulher, depois percebeu que ele não tinha ninguém. Em 1992 o casamento foi anulado, pois foi provado que ela continuava virgem e que ele não era impotente. Ao sair do palácio, sua ex-mulher pediu para que ele não fizesse nenhuma outra mulher infeliz, foi então que ele resolveu não se casar novamente.
Por volta de 2000, começou a circular uma publicação editorial chamada Bombay Dost (Amigo de Bombaim) voltada para o público gay. Sua tiragem era limitada e o príncipe comprava e lia as escondidas. Ele começou a se corresponder com outros leitores através de codinomes e um dia telefonou para um dos seus correspondentes, foi assim que ele conheceu o Ashok Row Kavi, o diretor de Bombay Dost, e o primeiro ativista gay da Índia. Foi Ashok que retirou o sentimento de culpa e o peso na consciência que havia no príncipe, foi através dessa amizade que ele percebeu que ser gay é normal. Ainda no ano de 2000, o príncipe e mais 60 militantes gays, e na presença de representantes do governo, fundaram a Lakshya Trust, a primeira organização de prevenção contra o HIV/sida voltada para a comunidade gay de Bombaim. Depois da África do Sul, a Índia é o país que tem o maior numero de infectados pelo vírus HIV. O príncipe doa 65% dos seus rendimentos à instituição e seu próximo projeto é abrir um hospício voltado para doentes terminais.
Em 2006, quatro anos depois de ter sido hospitalizado por conta de um colapso nervoso, pois sua mãe insistia que ele se casasse novamente para “se curar” do mal que o assolava, uma jornalista o convidou para uma entrevista para abordar sua militância na instituição Lakshya Trust e nessa entrevista ele assumiu sua homossexualidade. O impacto na índia foi terrível, todos os noticiários só falavam da sexualidade do príncipe e os habitantes de Rajpipla queimaram suas fotos e efígies em praça pública. Em 2007, ele foi ao show da Oprah Winfrey, foi como uma revolução na mentalidade do povo indiano, as reações homofobicas diminuíram, pois muitos desconheciam sua militância e o seu trabalho sensibilizou a comunidade. Em 2008, ele conheceu Michael Lower de 35 anos num bar. Ele levou o rapaz para sua família conhecer sob as miras das câmeras de um programa da BBC, seu pai o aceitou, mas o relacionamento não foi adiante, pois o príncipe achou que havia uma grande diferença social entre os dois. Seu ex-namorado era um empregado de uma banca de jornal e ele um príncipe, membro da família real, ambos continua amigos. Manvendra vê grandes dificuldades em encontrar um relacionamento, pois muitos se aproximam dele interessados em seu dinheiro. Recentemente ele declarou que enquanto a Índia não descriminalizar a homossexualidade, ele não se relacionará com ninguém de seu país.
Manvendra vive num palácio vitoriano cor de rosa em Rajpipla, distrito de Gujarat, um dos mais prósperos estados da Índia. Ele brinca dizendo que seus antepassados adivinharam que teriam um descendente gay e por isso construíram o palácio cor de rosa. A dinastia Gohil, na qual o príncipe pertence, tem aproximadamente 600 anos, o último rei reconhecido foi o seu bisavô e em 1968, com o estabelecimento da Republica, teve seu titulo de nobreza invalidado, restando para sua família, um papel meramente protocolar.
Em relação à família, os tratamentos são todos formais. Ele se dirige a seus pais como “Sua Alteza” e seus pais os tratam como “Príncipe”. Quando ele precisa conversar com o seu pai, primeiro ele tem que conversar com um dos seus assessores e marcar uma audiência. Devido esse distanciamento familiar o anúncio de sua homossexualidade não foi um grande desgosto. Seu pai retirou o seu titulo de príncipe herdeiro e o deserdou e a sua mãe publicou um anuncio em jornais ameaçando processar quem dissesse que o príncipe gay era seu filho. A deserção foi pressionada por outros membros da família, mas posteriormente foi considerada ilegal pelo Supremo Tribunal da Índia.
A descoberta de sua homossexualidade não foi fácil e se confunde de as histórias de gays do Mundo inteiro. Ele tinha 13 anos quando percebeu que não sentia atração por garotas. Sua avó escolheu um rapaz de 12 anos (adorei a avó dele) para tomar conta dele, já que ele não poderia misturar-se com os “plebeus” e os aposentos do palácio eram separados entre feminino e masculino e foi através do contato com esse menino que ele descobriu-se gay. Foi o seu primeiro amor.
Assim como em muitos casos, o príncipe imaginou que o casamento mudaria a sua orientação sexual. Imaginava que era uma fase. Varias princesas foram-lhe apresentadas, mas o que ele queria, era um príncipe, ou até mesmo um sapo, mas nada de princesas. Ele acabou casando-se em 1991 com a princesa Chandrika Kumari. Ele tinha 25 anos e ela 22, era uma relação de carinho, de irmãos, o ato sexual não chegou a ser consumado. Foram 15 meses de relacionamento fracassado. Sua ex-esposa imaginava que ele tinha outra mulher, depois percebeu que ele não tinha ninguém. Em 1992 o casamento foi anulado, pois foi provado que ela continuava virgem e que ele não era impotente. Ao sair do palácio, sua ex-mulher pediu para que ele não fizesse nenhuma outra mulher infeliz, foi então que ele resolveu não se casar novamente.
Por volta de 2000, começou a circular uma publicação editorial chamada Bombay Dost (Amigo de Bombaim) voltada para o público gay. Sua tiragem era limitada e o príncipe comprava e lia as escondidas. Ele começou a se corresponder com outros leitores através de codinomes e um dia telefonou para um dos seus correspondentes, foi assim que ele conheceu o Ashok Row Kavi, o diretor de Bombay Dost, e o primeiro ativista gay da Índia. Foi Ashok que retirou o sentimento de culpa e o peso na consciência que havia no príncipe, foi através dessa amizade que ele percebeu que ser gay é normal. Ainda no ano de 2000, o príncipe e mais 60 militantes gays, e na presença de representantes do governo, fundaram a Lakshya Trust, a primeira organização de prevenção contra o HIV/sida voltada para a comunidade gay de Bombaim. Depois da África do Sul, a Índia é o país que tem o maior numero de infectados pelo vírus HIV. O príncipe doa 65% dos seus rendimentos à instituição e seu próximo projeto é abrir um hospício voltado para doentes terminais.
Em 2006, quatro anos depois de ter sido hospitalizado por conta de um colapso nervoso, pois sua mãe insistia que ele se casasse novamente para “se curar” do mal que o assolava, uma jornalista o convidou para uma entrevista para abordar sua militância na instituição Lakshya Trust e nessa entrevista ele assumiu sua homossexualidade. O impacto na índia foi terrível, todos os noticiários só falavam da sexualidade do príncipe e os habitantes de Rajpipla queimaram suas fotos e efígies em praça pública. Em 2007, ele foi ao show da Oprah Winfrey, foi como uma revolução na mentalidade do povo indiano, as reações homofobicas diminuíram, pois muitos desconheciam sua militância e o seu trabalho sensibilizou a comunidade. Em 2008, ele conheceu Michael Lower de 35 anos num bar. Ele levou o rapaz para sua família conhecer sob as miras das câmeras de um programa da BBC, seu pai o aceitou, mas o relacionamento não foi adiante, pois o príncipe achou que havia uma grande diferença social entre os dois. Seu ex-namorado era um empregado de uma banca de jornal e ele um príncipe, membro da família real, ambos continua amigos. Manvendra vê grandes dificuldades em encontrar um relacionamento, pois muitos se aproximam dele interessados em seu dinheiro. Recentemente ele declarou que enquanto a Índia não descriminalizar a homossexualidade, ele não se relacionará com ninguém de seu país.
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